Quando uma família depende do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para garantir a dignidade de um filho com deficiência, qualquer mudança na renda gera preocupação. Entre as dúvidas mais comuns está: é possível trabalhar com carteira assinada sem que meu filho perca o BPC?
Essa questão é importante, pois o benefício existe para atender famílias em situação de vulnerabilidade econômica. Por isso, conhecer as regras da renda familiar ajuda a tomar decisões seguras e a prevenir a suspensão do benefício.
Como funciona a renda no BPC
O BPC garante um salário mínimo mensal para idosos com 65 anos ou mais e para pessoas com deficiência que não conseguem manter a própria subsistência.
Para analisar o direito, o INSS calcula a renda per capita do grupo familiar. O valor precisa ser inferior a 1/4 do salário mínimo — salvo quando decisões judiciais flexibilizam essa regra. Assim, qualquer salário de um integrante da família, inclusive com registro em carteira, entra nesse cálculo.
Posso trabalhar sem perder o BPC do meu filho?
A resposta varia conforme a situação da família.
Se o salário elevar a renda familiar acima do limite, o INSS pode suspender ou cancelar o benefício.
Por outro lado, se a renda per capita permanecer dentro do critério, o pagamento continua normalmente.
Além disso, tribunais já decidiram que o BPC pode ser mantido mesmo quando a renda ultrapassa o limite, desde que os gastos essenciais, como medicamentos e tratamentos, consumam boa parte da renda familiar.
Cuidados para evitar o cancelamento do benefício
Antes de aceitar um emprego com carteira assinada, siga alguns passos:
Atualize o Cadastro Único sempre que houver mudança na renda ou na composição da família;
Informe o INSS sobre a nova situação para evitar bloqueios por omissão de dados;
Organize comprovantes de todas as despesas médicas e assistenciais do filho;
Consulte um advogado para calcular o impacto do salário e avaliar riscos.
E se o INSS cancelar o benefício?
Se isso acontecer, apresente recurso administrativo no prazo legal ou ingresse com ação judicial para comprovar que a renda continua insuficiente para garantir condições dignas ao seu filho.
Dessa forma, você mostra que a análise não pode se basear apenas em números, mas também nas necessidades reais da criança ou adolescente beneficiário.
Conclusão
Trabalhar com carteira assinada não implica automaticamente a perda do BPC do seu filho. O fator decisivo está no cálculo da renda familiar e na comprovação de que o benefício continua essencial.
Portanto, antes de assumir um trabalho formal, avalie o impacto dessa renda, mantenha seus dados atualizados e, se necessário, conte com o apoio de um advogado previdenciário.
Com planejamento e informação, é possível manter o benefício e, ao mesmo tempo, conquistar uma nova fonte de renda para a família.
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